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Marcelo Fidalgo

Eu e mais quatro colegas de classe fizemos um documentário sobre o Juventus da Mooca. Fomos a partida contra o Guarani, decisiva na luta contra o rebaixamento. Outro dia eu escrevo um post sobre a partida e sobre o trabalho de fazer o documentário. Por enquanto, eu deixo o link do vídeo para vocês conferirem.

http://www.youtube.com/watch?v=iRaK-mz5BvU

Leia mais:

Futebol Sonegado

“Sou Asseada”

Marcelo Fidalgo

Na visita que fiz a Joaquim Matheus, um veterano da FEB (Força Expedicionária Brasileira), ele me falou das situações extremas que a guerra leva as pessoas. Matheus comentou que muitas italianas se prostituíam por um prato de comida, uma barra de chocolate ou um maço de cigarros. Matheus me contou assim, uma das muitas histórias de degradação que ele passou durante a guerra:

“Já era noite naquele dia. Eu estava me divertindo com outros soldados na rua. Era nosso dia de folga. Nesses dias íamos atrás de diversão e, principalmente, de mulher. Eu estava sozinho na calçada quando um garoto, adolescente, veio em minha direção. Ele disse:

– Sê quer mulher? Tem uma naquela casa.

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O lumpemproletariado é, para Marx, a camada social mais carente da sociedade, composta por indivíduos extremamente miseráveis, despossuídos de consciência política e desvinculados da produção social, ao contrário dos proletariados.

No Brasil do século XXI os lúmpens são numerosos: pertencem a esta subclasse os mendigos, moradores de rua, prostitutas do baixo meretrício, criminosos peixe-pequenos, catadores, entre outros sonegados, ou seja, toda classe E e boa parte da D.

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Por Gabriela Portilho

Marcelo Fidalgo

Não há como não ver. Todos os que passam na Rua Libero Badaró, no centro, percebem, com um misto de espanto e admiração, o Condomínio Sampaio Moreira, o maior prédio de São Paulo. Na imensidão de seus doze andares, as autoridades chegaram a ficar preocupadas com o risco de uma edificação tão alta cair com ventanias e sugeriram que ele fosse construído com dois andares a menos. Mas os engenheiros e arquitetos mostraram que era possível e agora todos admiram o tamanho do prédio. O Sampaio Moreira é uma atração por ser o primeiro arranha-céu da cidade.

Mas isto foi em 1924. Hoje, poucos percebem o condomínio. Cercado por prédios muito maiores e melhores tratados o antes maior prédio da cidade passa anonimamente pela população que diariamente circula pelo centro da cidade. “No domigo eu estava comendo numa churrascaria do outro lado da rua e nem olhei para o Sampaio Moreira. Ele está muito escondido entre esses prédios. E eu trabalho aqui”, afirmou Renato, recepcionista do condomínio.

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Heróis Sonegados

Marcelo Fidalgo

Tancredo Neves e Ulisses Guimarães são até hoje considerados heróis por terem lutado pela volta da democracia no Brasil. No entanto, os pracinhas, que lutaram na Segunda Guerra Mundial, ícone global de vitória da democracia sobre regimes totalitários, são ignorados pela população, pela mídia e pelo exército.

No último sábado, fui à casa de Joaquim Matheus, ex-combatente da infantaria brasileira na Segunda Guerra Mundial. Na FEB (Força Expedicionária Brasileira), Matheus era chefe da munição, carregava armas para abastecer seu pelotão. Após a guerra, ele enfrentou dor nas costas durante grande parte de sua vida. Depois de uma cirurgia para tentar aliviar esse sofrimento, Matheus agora não consegue andar e tem parte do corpo paralisado. Herança da guerra e de uma operação mal-sucedida.
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Marcelo Fidalgo

Consegui conversar com uma garota que trabalhava no prive que visitei no último post. Patrícia me contou mais sobre a casa e sobre sua vida e rotina diária.

Patrícia tem 25 anos e mora no bairro de Itaim Paulista, um dos mais pobres da zona leste da capital. Ela é baixa, morena, possui seios e quadris de tamanho médio. Veste uma lingerie com top azul e calcinha branca. É uma moça razoavelmente bonita, bem cuidada, daquelas que não chamam atenção na rua nem para bem, nem para o mal. É casada e mãe de dois filhos, uma menina de cinco anos e um menino de 1 ano e meio. Enquanto não está trabalhando, gosta de assistir desenho animado com eles.

A garota conta que seus hábitos mudaram muito, no início do ano, após começar a trabalhar como prostitua. Ela passou a comprar artigos de grife e a usar roupas mais justas. Agora ela consegue perceber se uma mulher é puta ou se um homem costuma freqüentar um puteiro pelo cheiro.

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Marcelo Fidalgo

O Tatuapé se tornou o paraíso dos prives. Não há como ignorar o fato. Para qualquer rapaz saindo do metrô lhe é oferecido algum panfleto dessas “casas” que oferecem sexo barato com “lindas” garotas. Perto do metrô Tatuapé, já recebi panfletos de pelo menos três, e do metrô Carrão, pelo menos quatro.

Prive é um puteiro sem enrolação. Em vez de uma casa com música alta, mulheres com pouca roupa, shows de sexo ao vivo, o prive só tem os finalmente. Só se entra para transar e, caso você não queira nenhuma das meninas, não há mais o que fazer dentro da casa.

Fui a um desses prives para ver como funciona esse puteiro prático. Logo que entro reparo na mensagem: “Sorria, você está sendo filmado”. Vários homens estão sentados num sofá vermelho com almofadas pretas. Pelas suas vestimentas, alguns de camisa e outros bem arrumados, eles parecem acabar de ter saído do trabalho. Umas 6 ou 7 garotas vestidas com pousa roupa (geralmente apenas de lingerie) vem em minha direção. Elas me dizem seu nome (falso) e me dão um beijinho no rosto. O objetivo é que eu, sabendo o nome, fale para o cafetão com qual garota eu quero ir para o quarto. Continuar Lendo »

“Quantas mortes, quantas tragédias em família, o governo já não causou. Com a incompetência, com a falta de humanidade…  Quantas pessoas morreram de frustração, de desgosto, longe do pai, longe da mãe, dentro de cadeia… por culpa da incompetência desses aí! Entendeu? Que fala na televisão. Fala bonito. Come bem. Forte, gordo. Viaja bastante. Tenta chamar os gringo aqui pra dentro, enquanto os próprios brasileiros tão aí, ó, jogados no mundão. Do jeito que o mundão vier. Sem nenhum plano traçado, sem trajetória nenhuma. Vivendo a vida. Só”

(Mano Brown)
http://br.youtube.com/watch?v=e3gjUnMp91Q

Na semana passada uma notícia deixou minha namorada bastante abalada: uma amiga dos tempos em que ela fazia balé, na adolescência, se suicidou. Ela, que tinha cerca de 25 anos, se enforcou bem no dia do chá de bebê da irmã.

Segundo minha namorada, ela era uma pessoa especial, que a inspirava muito. Extremamente bela, talentosa, grande bailarina, criativa, alegre, agregadora, simpática… Ela também era bastante rica. Ninguém entendeu o porquê de ela ter se matado. Ou pelo menos aquelas pessoas que não a conheciam profundamente. Minha namorada, por exemplo, há anos que não a via. Continuar Lendo »

… E por falar em putas, drogas e underground, lembro-me do santista Plínio Marcos (1935–1999), sem dúvida o dramaturgo da Cidade Sonegada e dos sonegados. 

Ninguém na história do teatro brasileiro retratou tanto o submundo da metrópole, com seus ratos, bandidos, putas, cafetões, travestis, miseráveis, viciados… Em plena ditadura, escreveu peças ácidas, que questionavam a moral, a ordem social e política.

Ele foi o primeiro a chocar a elite ao mostrar a aspereza da marginália, dos becos, guetos, lixões, favelas…  No último domingo, finalmente consegui assistir à uma peça de sua autoria: Navalha na Carne (1967).
 
A trama trata dos conflitos de Neusa Suely (Paula Cohen), uma prostituta esgotada, exausta de seu trabalho, com o cafetão Vado (Gustavo Machado), que vive às suas custas, humilhando-a e violentando-a de todas as formas possíveis. No meio da história aparece o homossexual Veludo (Gero Camilo) para tumultuar ainda mais a vida (vida?) do casal.

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